dezembro 12, 2002

The Lurker living la vida rouca

O dia hoje foi especial em vários sentidos (e dimensões). Iniciou-se com a já decantada em prosa e verso entrevista para o doutorado. Ao invés de ser na Universidade, poderia muito bem ter sido realizada no bar da esquina. Foi uma conversa sobre metodologia e ciência entre quatro pessoas que se conhecem a cerca de 10 anos, detalhando como conduzir a pesquisa e quais os planos para os próximos anos. Não sei se serei selecionado, mas com certeza a entrevista desta vez foi muito superior a que realizei para o mestrado. Provavelmente porque a proposta de trabalho estava muito melhor construída e previamente discutida com o (futuro?) orientador.

Seguiu-se o trabalho, dentro do convencional e esperado, até que, finalmente nossa sala foi dada como entregue e pronta. Que coisa ótima poder se ter o seu próprio canto para trabalhar e acabar com esta vida nômade das últimas semanas! Como nada é perfeito, das cinco máquinas adquiridas, apenas quatro foram entregues. E destas duas não tem placa de rede... bolas. Mas pelo menos a questão do local e parte das condições de trabalho estão resolvidas.

Finalmente, deveria haver uma teleconferência sobre os resultados do SAEB hoje - basicamente a continuação do que se discutiu no Rio até ontem - que duraria até as 22 horas. Como se pode ver claramente, isso não aconteceu. A organização foi fabulosa: primeiro fomos ao SENAC, onde o sinal não chegava com qualidade e eles não conseguiam receber a transmissão. Dali, corre-se para a ANATEL. Paro pela primeira vez na vida em uma vaga reservada (mas não para mim) e corremos... para concluir que ninguém lá fazia a menor idéia do que estávamos falando... O que nos catapultou para a Embratel. Desisti depois de conversar por 15 minutos com o Túlio, presidente do Instituto Embratel 21 que esclareceu o porque a Embratel não poderia ter qualquer relação com o processo, devido a falta de assinatura de acordo. Ele não se lembrava de mim, mas eu me lembro dele. É dos caras mais acessíveis que conheci na área de telecom. Recomendou-nos que tentássemos em alguma escola, já que a transmissão ia ser pelo TV Escola do MEC... ora bolas, já havíamos perdido uma hora e meia da conferência. Escola? Acho que chega, não? Espero que eles gravem isso lá no INEP.

The Lurker says: Não interessa o quão relevante é o seu trabalho, se você não consegue se organizar para divulgá-lo.

dezembro 11, 2002

The Lurker vai ao Rio.

Cidade interessante, o Rio de Janeiro. Apesar de toda as cores paranóicas com que pintam a cidade, jamais tive um cisco para dizer de desagradável sobre ela – antes pelo contrário. Dizem que é porque eu não tenho que dirigir por lá. Deve fazer algum tipo de sentido. Acho que, na era moderna, a memória mais antiga que tenho da cidade é da Copa Mundial de Esgrima (96?) e desde então não se passa um ano sem que passe por lá pelo menos seis vezes. By the way, só no Rio se imaginaria colocar uma pista de esgrima na areia de Copacabana...

O carioca, assim como o baiano em Salvador, por si só faz com que a cidade valha a pena. A vibração é sempre muito interessante, conquanto nem sempre você sinta certeza da autenticidade de seu interlocutor. Mas isso deve vir junto com o Kit Malandro da Lapa, que devem instalar em alguns na maternidade. Para variar, continuo chamando o morro do Leme de “aquela montanha ali”, mas creio que estou melhorando (antes era tudo Urca) e agora já consigo me orientar em Copa. Dominei, finalmente o bairro. One down, fifteen hundred to go. :-)

Esta viagem foi excelente, em parte por reencontrar amigos de trabalho de tempos passados e ver que determinados laços duram um bocado. Senti-me de volta ao convívio dos antigos(as) companheiros(as) como se apenas tivesse me ausentado por uns dois dias. Que sensação fenomenal esta. Recomendo.

O highlight desta feita esteve por conta do Margutta, simpático restaurante na Av. Henrique Dummont, 62, em Ipanema, que me foi recomendado por gente especial com E maiúsculo. Sabia que o nome lembrava alguma coisa – Osteria Marguta – restaurante na rua da qual o estabelecimento leva o nome, perto da Piazza di Spagna, em Roma, muito conhecido por ser um dos locais favoritos de Fellini. Pequeno, com um atendimento simpaticíssimo (apesar de não tocar CDs a pedido – o que é compreensível), o Margutta foi escolhido em outubro como o segundo melhor restaurante de pescados do Rio. E aprovado pelo Paulo Nicolai deve ter um ou outro vinho interessante escondido em algum lugar.

The Lurker Rule nº 16: Faça amigos. Preserve os amigos. Eat, drink and be merry!

dezembro 09, 2002

Aftermatch da correção das provas (ou jornada ao Muro das Lamentações).

Picture this: uma legião de alunos que ficou de flauta o ano inteiro agora se descabela frente ao resultado pífio de suas iniciativas nas avaliações, as quais contemplavam a matéria dos dois semestres. Quem ouvisse a balbúrdia gerada na frente do quadro de notas haveria de imaginar que uma horda de banshees surgira de dentro da terra para atazanar os mortais. A variedade é assombrosa: dos que eventualmente poderiam ter alguma razão em suas lamúrias, àqueles que simplesmente não calcularam direito sua nota e agora pedem pontos de que não necessitam (passaram na prova mas foram reprovados na matemática). Promessas de emendas e pedidos os mais variados, incluindo processos de arredondamento “criativos”. E todos têm primazia sobre seus próprios colegas, claro, pois são especiais e diferentes em suas solicitações. Ora bolas.

Dizem que é uma atitude humana a atribuição de características ao passado de que este nunca dispôs, necessariamente. Ou seja, creditamos a ele valores de que nunca dispôs, mas que consideramos relevantes e, no limite, sentimos falta do que não conhecemos. Bem, eu realmente me pergunto se meu avô se deparava com esse tipo de coisas na Faculdade de Medicina quando lecionava por lá. Conta a lenda que um determinado aluno foi reprovado na cadeira de Clínica Geral (lecionada por meu avô) nada menos que seis vezes. Tratava-se de uma das últimas cadeiras do curso que, então, possuía duração de sete anos. Diz a mesma lenda que, ao final do sétimo ano, o mencionado aluno foi aprovado por “decurso de prazo” (ou algo assim). O que eu gostaria de saber é: será que meu avô, enquanto professor por mais de 30 anos, teve que suportar o mesmo tipo de baboseiras que eu agüento hoje? Sheesh!

The Lurker says: nada é tão medíocre que não possa ser patético.

dezembro 08, 2002

Hoje foi um saudável dia para se ler provas... provas de alunos que precisaram de notas complementares àquelas regulares, para tentar (em vão) mostrar que aprenderam o que não sabem. Vamos falar seriamente: quem foi que enfiou na cabeça deste pessoal que eles tem que fazer curso superior? Tem tanta gente bem de vida por aí que nunca sentou nem em banco de 2º grau, quem dirá faculdade. Vejam o que diz a IstoÉ desta semana sobre gente que sai das "fileiras populares" e vence na vida em grande estilo... e dá uma sonora pernáquia para a edução formal. Não é preciso ser doutor para progredir.

Em resumo, The Lurker says: Get a life! Se você quer seguir vida acadêmica, bem vindo(a). Se o caso é de não adaptação às regras do jogo, tente fazer outra coisa e deixe a academia em paz! Estude, de preferência alguma que lhe faça feliz profissionalmente. Não se trata de propor que a pessoa estude menos (pelo contrário). Mas sim que seja algo que efetivamente aprecie e que lhe permita a subsistência com dignidade. De que serve mais um bacharel no camelódromo? Não seria melhor um técnico na fábrica? Ou um comerciante bem posto na praça?

LURKER - by The Jargon Dictionary

One of the `silent majority' in a electronic forum; one who posts occasionally or not at all but is known to read the group's postings regularly. This term is not pejorative and indeed is casually used reflexively: "Oh, I'm just lurking."